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Arte para a Vida, na Vida e pela Vida - Criatividade, Cuidado & Acolhimento Atendimentos na Tijuca - Telefone: (21)986964300 E-mail: monica.iaromila@gmail.com - Eu sou Mônica Valéria; Saber o significado deste nome me trouxe Iaromila. Portanto, desde 2005, este é o meu nome profissional: Monica Valeria Iaromila. Minha atuação é Arteterapia e Educação. Sou uma cuidadora, e nesta palavra cabe amor, poesia, encantamento e luz. Considero-me um veículo para que as pessoas saibam qual é o seu próprio sol, transformem o que é possível, fazendo-o brilhar com a força que lhes é própria. Como James Hillmann afirmou "estou humildemente a serviço da Alma". Trabalho com crianças a partir de 12 anos, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Em grupos e individualmente. Ofereço cursos, palestras e oficinas e participo de projetos que considero válidos.

Meus Estudos até aqui

OMINIBU pode significar águas profundas ou poço. São seis blogs que estão contidos nessa fonte:

O Ominibu propriamente é a porta de entrada, onde encontrar-se-á crônicas, poesias, explicações sobre arteterapia, blogs e sites amigos, textos que me são importantes etc.

Naima - poesias e prosa: http://naima-imagens-poesias.blogspot.com/

Informações sobre arteterapia: http://www.iaromilamv.blogspot.com

http://www.propostasdoespaco-arteterapia.blogspot.com

O "Descaramujando" traz informações sobre minha pessoa e formação, além de textos: http://escritosmeus-escritosproximos.blogspot.com/

No blog Aprendizados são encontradas propostas de cursos, informações sobre Calatonia e Reiki. aprendizados

Mais umas palavrinhas...

Passamos a vida aprendendo a Ser e Viver nossa Essência. Vivenciar o presente plenamente é o nosso desafio. Temos a oportunidade diária de Renovação, uma de nossas dádivas. Ser é o que basta, viver na Presença, construindo um relacionar-se baseado nessa premissa. Os encontros possibilitam entrega, confiança e o compartilhar - embora sejamos autosuficientes, somos seres relacionais. Quebrar as ilusões que nos separam do todo parte de uma crua compreensão que somos sós, mas somos Um. Tenho esperança na construção de um mundo mais equânime, no qual todas e todos possam estar bem consigo mesmas(os), bem nas suas peles. É um bom combate, feito através do afeto, da veracidade e dos saberes que me perpassam.

Diante da água profunda, escolhes tua visão; podes ver à vontade o fundo imóvel ou a corrente, a margem ou o infinito; tens o direito ambíguo de ver e de não ver; tens o direito de viver com o barqueiro ou com uma nova raça de fadas laboriosas, dotadas de um gosto perfeito, magníficas e minuciosas. A fada das águas, guardiã da miragem, detém em sua mão todos os pássaros do céu. Uma poça contém o universo. Um instante de sonho contém uma alma inteira. (...) O passado de nossa alma é uma água profunda. (Gaston Bachelard)

Monica Valeria Iaromila - Arteterapeuta (AARJ 213) - Arterapeuta atuante com grupos desde 2005; na clínica desde 2008; Co-coordenadora do Têmenos Arteterapia, Formação em Arteterapia, grupos de estudos e de aprofundamento.
Coordenadora do Bharani - Arte, Terapias e Vida. Psicoterapeuta Corporal em Análise Psico-Orgânica e Psicologia Biodinâmica -(CEBRAFAPO/EFAPO Brasil-França), Formada desde Outubro de 2013;
Estudos em Aromaterapia e utilização de óleos essenciais desde 2013.
Mestre em Reiki. Astróloga. Oraculista - tarô, baralho cigano e outros oráculos. Facilitadora SoulCollage(r); Thetahealer.
Mestrado, Bacharelado e Licenciatura em História - UERJ;



sábado, 28 de março de 2009

Da rua

 Rodrigo estava passando pelo beco, o mesmo de quase todos os dias, o beco que dá no seu bar preferido. O bar, um quadrado com um balcão em U e aqueles bancos altos, cobertos com um muito gasto courin vermelho. Quatro horas da tarde, hora de poucos personagens. O velho que mora na rua ao lado, num sobradinho que fica em cima do brechó, está sentado na mesma cadeira de sempre, na extrema direita do U. Rodrigo sorri ao imaginar o desgosto do velho se algum desavisado parasse para tomar uma coca e sentasse na "sua cadeira". Ele chega à mesma hora, senta na mesma cadeira, come a mesma comida e fica por ali a observar as mulheres. Procurando algum dinheiro no bolso e descobrindo que tem o bastante para umas três cervejas, Rodrigo começa sua apreciação. Enquanto bebe seu primeiro gole do dia, observa uma discussão entre um grupo de pivetes, discutem algo sobre futebol, coisas banais, como se estivessem na sala de casa, entre a família. De repente, a discussão para, seus olhos acompanham uma mulher de generosas formas que passa sozinha. Ela, imponente, não olha para o lado. Os meninos deixam a discussão e ficam a apreciar o material. Então, José chega, devagar, como sempre. Era um doce companheiro de copo. Ele espera o namorado na mesma hora, todos os dias, após o trabalho. Chegou mais cedo porque tivera uma discussão com sua chefe, "uma dona infeliz", segundo ele, como na música de Chico. Começa a contar o caso, mas Rodrigo não ouve muito da história, fica observando os detalhes do rosto do amigo, as marcas; e imagina como seria seu rosto na hora do prazer. Pensamento estranho, retorna Rodrigo. Ao final da narrativa sobre o episódio com a chefe, da qual Rodrigo não ouvira palavra, ele faz como lhe ensinaram em algum lugar - balança a cabeça e diz: - Dureza... Todos ficam felizes e partem para outro assunto. José pergunta como estão as coisas, Rodrigo responde que tudo está caminhando bem, mas que poderia estar melhor. - As ruas estão pouco interessantes, meu amigo, nada de muito novo acontecendo. José adverte Rodrigo, dizendo que o amigo corria riscos demais e pergunta por Hélio. Rodrigo fala então da instabilidade de Hélio, seu mau hábito de nunca cumprir promessas, que ele não sabe viver intensamente, mas acha que sabe. José presta muita atenção às palavras de Rodrigo, acha curioso que ele aponte covardia em Hélio. Pensava, "o que um intelectual vê neste lugar". Era difícil de compreender, até para ele, mas jamais perguntaria. Uma lei das ruas, perguntas demais são impróprias. Nesse momento, chega o Olho, ganhou o estranho apelido por causa de uma cicatriz que o fazia parecer um pierrô dos velhos carnavais. O Olho é malandro profissional, personagem das ruas, moral duvidosa, um bom papo, de certo. Rodrigo jamais toparia um programa com ele por ser escorregadio demais. O Olho já chega entabulando uma conversa sobre os vários tipos de policial que existem: o bom moço, o corrupto, o violento, o cristão e outros tipos que ele afirmava existir. - Eu já topei com todos os tipos, dá até para escrever um livro, só de enrolação que me meti e escapei já dá uns dois capítulos. Dizem que o Olho era filho de classe média, alta, desgarrado há muito de suas origens. Rodrigo se animou com a conversa e começou contar uma que lhe ocorrera faziam uns 5 dias: estava com um amigo num parque e foi flagrado, contava animado da tensa negociação que sucedeu. No final das contas, ficou sem um relógio e tudo foi "esquecido". Enquanto falava, José reparava no indisfarçável orgulho do amigo. Rodrigo tinha passado muito tempo tentando pertencer àquele mundo; e agora, estava ali, conversando com a "realidade", como costumava falar. Nada de bancos de universidade, nada de estudos de caso, estava ali e conversava com a vida real. Já se via também como um personagem daquele universo, os becos lhe eram convidativos, os malandros lhe eram conhecidos, os códigos da rua eram abertos para ele à medida em que vivia. Teria abandonado tudo por esta experiência. Estava bem com ela, por mais que conhecidos de outros ambientes não conseguissem compreender, por mais que fosse tachado de insano, por mais que tivesse que dividir seus mundos, porque não seria possível unificá-los. O mundo da rua não se une com outros mundos, os códigos da rua são outros. A moral é outra. O respeito que se impõe pode ter vários matizes: força física, força pessoal, malícia nos golpes, dribles nos infortúnios. Esses artifícios faziam parte do respeito que poderia ser conquistado, nem sempre pelo medo, mas sempre pela força. Rodrigo havia aprendido a viver neste mundo, era seu desejo. Queria morrer, como diz a música: de bala, crime ou vício... não queria esperar a morte. Um novo personagem aparece, Severino, paraibano solitário. Lá no meio da conversa, onde esses papos sobre vida, morte, aparecem sempre com cores diferentes, próprias do lugar, Severino conta que tinha se metido numa briga na obra. Um dos colegas havia duvidado de sua macheza e Severino tinha baixado o sarrafo. E toca contar a briga em detalhes, onde os golpes pegaram etc. Rodrigo observava o pescoço de Severino ficando cada vez mais vermelho, quando chegou Paulo. Rodrigo, num movimento involuntário, aprumou o corpo, espigou-se. Paulo era um personagem querido para Rodrigo, um amor, embora tivesse relutado meses para admiti-lo, talvez por acreditar que em sua vida não coubesse mais amor deste tipo, uma mistura com paixão desenfreada; ou porque achasse que este tipo de sentimento não teria lugar naquele ambiente em que escolhera conviver. Rodrigo descobriu, surpreso, que o amor cabe em qualquer lugar. Eros, afinal, é um Deus. Não haveria ali, entretanto, lugar para pureza, para alegrias domésticas, mas não era isso que Rodrigo procurava e Paulo era a representação ideal do contraditório. Extremamente violento, empenhado em manter essa imagem intacta, era também um menino em busca de compreensão, mas a compreensão dispensada a ele teria que ser ofertada nos meandros das risadas noturnas, nas brincadeiras corporais mais íntimas, nunca em público, nunca abertamente, sempre na penumbra. Desde de que conhecera Paulo, Rodrigo ia num redemoinho, num rio desconhecido, sem rumo, com rumo; às vezes, as águas ficavam mornas; às vezes, as corredeiras se acalmavam, mas quase sempre o movimento dos atos de Paulo atordoavam Rodrigo. Mas ele não conseguia mais evitá-lo; chegou a esta conclusão após uma briga e um porre. Concluiu, resoluto, que poderia ter evitado o confronto no início, mas não agora. Era um caminho sem volta, ele amava aquele homem incomensuravelmente. Paulo chegou e cumprimentou a todos. Olhando para Rodrigo, fez um movimento breve com a cabeça. Todos os presentes sabiam que os dois tinham algo, mas também sabiam que, nas ruas, palavras ou movimentos extremados podem lhe custar o respeito e a tranquilidade. Rodrigo percebeu imediatamente, pelo olhar de Paulo, que não ficariam ali por muito mais tempo. Sairiam para loucuras na noite. Um pouco mais de conversa fiada, duas cervejas e os dois tomaram seu caminho. Enquanto se afastavam, desviando-se dos outros transeuntes, José, que observava discretamente, disse para si mesmo: - Esses dois... E voltou-se para os amigos de copo e entabularam mais uma conversa sobre futebol.
Monica Valeria Iaromila

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